Ainda não se conhecem os efeitos dos medicamentos para esclerose múltipla no longo prazo

Muitas vezes, a Cochrane realiza revisões de estudos científicos que mostram que, na verdade, temos pouca ou nenhuma informação confiável sobre o tratamento de uma doença. Esse é o caso da esclerose múltipla. O principal resultado de uma revisão sistemática que acaba de ser traduzida pelo Centro Cochane do Brasil é que, apesar de a esclerose múltipla ser uma doença que geralmente tem 30 a 40 anos de duração, os estudos clínicos sobre 11 medicamentos para essa doença não duraram mais do que dois anos. Portanto, nada se sabe sobre os efeitos colaterais e segurança dessas drogas no longo prazo.

A revisão incluiu 44 estudos sobre 11 medicamentos moduladores e supressores do sistema imunológico que são prescritos para pacientes com diferentes tipos de esclerose mútipla. A maioria (70%) desses estudos foi patrocinada pela indústria farmacêutica. A revisão mostrou que dois remédios, o natalizumab e o IFNß-1a (Rebif), conseguem diminuir as recaídas e a progressão da incapacidade quando comparados com o placebo; e eles também são mais efetivos do que o IFNß- 1a (Avonex) em pessoas com esclerose múltipla do tipo remitente-recorrente. Só que o natalizumab pode induzir uma doença neurológica grave, a leuco-encefalopatia. A respeito dos outros medicamentos para vários tipos de esclerose múltipla, não há estudos de qualidade para embasar as decisões. A eficácia e o risco-benefício de todos esses tratamentos são desconhecidos além dos dois anos de uso, e este é um aspecto muito relevante para uma doença crônica como a esclerose múltipla.

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