Dexametasona não deve ser usada para a dor de cabeça após raquidiana

Quando um paciente precisa passar por uma anestesia ou exame que envolve uma punção na coluna (ou seja, o médico coloca uma agulha na coluna para inserir o anestésico ou retirar líquido), pode ter um efeito colateral muito desagradável: uma crise de dor de cabeça muito forte, que dura vários dias. Isso acontece com poucas pessoas que se submetem à chamada "punção lombar", mas é preocupante, até porque movimentar a cabeça ou ficar sentado, nessa situação, piora a dor, o que obriga os pacientes afetados a permanecerem deitados até que a dor passe.

Há várias décadas, os pesquisadores procuram maneiras de prevenir e tratar essa terrível dor de cabeça, provocada pela punção. Agulhas menores, por exemplo, ajudaram a diminuir a ocorrência, mas o que fazer para tratar essa dor depois que ela aparece ainda é uma luta dos especialistas. 

Como reunir todos esses trabalhos? A Cochrane publicou uma revisão sistemática de todas as pesquisas publicadas até 2012 sobre o assunto. Foram testados vários tratamentos em 10 estudos: morfina, fentanil, indometacina, cosintropina, aminofilina, dexametasona e a mais conhecida, a cafeína. Esses estudos reuniram mais de 1600 pacientes com a dor de cabeça após punção, a maioria mulheres que acabaram de dar à luz. 

Morfina, cosintropina e aminofilina reduziram o número de pessoas com a dor. Indometacina e fentanil pareceram não ter efeito algum. A morfina e a cafeína tiveram efeitos colaterais importantes, como coceira, náuseas, vômitos e insônia. Porém, a dexametasona teve efeito oposto: aumentou a dor.

Os autores da revisão alertam que será necessário fazer mais estudos sobre a dexametasona, a cafeína, a indometacina e o fentanil, antes que se possa recomendá-los para prevenir a dor de cabeça após punção lombar.

CD001792 - Terapia medicamentosa para prevenção de cefaleia pós-punção dural

http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/14651858.CD001792.pub3/full