Fibromialgia: É preciso falar sobre a doença de Lady Gaga que também atinge até 5% da população mundial

Foi um susto! E uma grande decepção. Milhares de fãs aguardavam ansiosamente por Lady Gaga nos palcos do Rock in Rio na última sexta feira. Desolados, pelo menos tiveram de se conformar com um motivo forte para a ausência da grande rainha pop internacional: fibromialgia, uma doença de causas ainda desconhecidas e que provoca dor crônica generalizada no corpo, cansaço, rigidez muscular, depressão e problemas de sono. A primeira vez que Lady Gaga falou sobre viver com dor crônica foi em 2013, mas até então ela ainda não havia revelado a causa. No twitter, a cantora declarou: "Quero ajudar a aumentar a conscientização sobre esse tema e conectar as pessoas que tem fibromialgia". O tuíte fez várias pessoas compartilharem suas histórias sobre a doença nas redes sociais.

Não é por menos: a fibromialgia atinge de 2 a 5 por cento da população mundial. Ter dores que duram mais de 3 meses é considerado uma doença, e por isso cientistas procuram por soluções que possam ao menos minimizar os sofrimentos de quem sofre desse mal. Existem várias revisões sistemáticas da Cochrane ( algumas traduzidas para o português) com resultados interessantes sobre tratamentos e comportamentos que podem diminuir os sintomas da fibromialgia. Por exemplo, exercícios físicos (https://www.cochrane.org/CD003786/MUSKEL_exercise-for-fibromyalgia); acupuntura (https://www.cochrane.org/CD007070/MUSKEL_acupuncture-for-fibromyalgia); antidepressivos (https://www.cochrane.org/CD011824/SYMPT_amitriptyline-fibromyalgia-adults) (https://www.cochrane.org/CD008244/SYMPT_milnacipran-fibromyalgia-adults) (https://www.cochrane.org/CD011735/MUSKEL_selective-serotonin-reuptake-inhibitors-ssris-for-fibromyalgia_) e até o uso da maconha.(https://www.cochrane.org/CD011694/SYMPT_cannabis-products-people-fibromyalgia)

Uma das mais recentes, publicada em 2015, revisa ensaios clínicos com pacientes que tentaram  as terapias conhecidas como "mente-corpo" . Elas tentam estabelecer uma ligação entre os pensamentos, comportamentos e sentimentos das pessoas para ajudá-las a lidar com os seus sintomas. No caso da fibromialgia, elas incluem o “biofeedback”, a “mindfulness”, as terapias de movimento, a terapia psicológica e as terapias de relaxamento. A revisão sistemática da Cochrane avaliou 61 estudos com mais de 4 mil adultos para ver se esses tipos de terapias podem mesmo ajudar as pessoas com fibromialgia. Conclusão?  Nenhuma dessas modalidades de tratamento mostrou qualquer efeito sobre os sintomas da doença, exceto as terapias psicológicas, que melhoraram levemente os sintomas da fibromialgia: mas elas conseguiram reduzir em somente 2% a 3% o desempenho físico, a dor e o humor das pessoas. E muita gente acabou abandonando o tratamento psicológico. Portanto, os pacientes com fibromialgia não devem abandonar seu tratamento padrão com medicamentos para usar somente essas terapias.Saiba mais: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/14651858.CD001980.pub3/full