Muitas mulheres, quando ficam grávidas, têm um pouco de náuseas e vômitos pela manhã. Mas, para até 1% gestantes, as náuseas e os vômitos são muito piores! Essas mulheres sofrem de uma condição chamada de hiperêmese gravídica (“êmese” quer dizer vômito). Essas grávidas com frequência precisam ser internadas, porque sofrem com desidratação e perda de minerais do organismo, de tanto que vomitam todos os dias. Elas têm tanta náusea que não conseguem comer bem e acabam se desnutrindo, o que pode prejudicar o bebê. Além disso, precisam faltar ao trabalho, então a hiperêmese gravídica provoca consequências físicas, emocionais e sociais, porque as gestantes afetadas sofrem também com depressão, ansiedade e problemas econômicos.
O Centro Cochrane do Brasil acaba de publicar a tradução de uma revisão sistemática da Cochrane sobre a hiperêmese gravídica. O trabalho reuniu 25 estudos, envolvendo mais de 2 mil grávidas. Essas pesquisas verificaram os efeitos de muitos tratamentos diferentes: medicamentos (como os chamados "antieméticos", os corticoides e sedativos), acupuntura, tomar soro na veia e outros. Esses estudos estavam focados somente na hiperêmese gravídica, ou seja, na condição mais grave de náuseas de vômitos na gravidez — e não no enjoo matinal mais comum.
Só que esses estudos, apesar de numerosos, não envolviam um número adequado de participantes e nem critérios padronizados que permitissem que os seus resultados fossem reunidos com segurança. As evidências desses estudos foram classificadas, pelos autores da revisão sistemática, como de baixa ou moderada qualidade somente. Isso quer dizer que mais estudos, controlados com placebo, precisam ser realizados nas comunidades do mundo todo, para que se construam evidências mais consistentes sobre o que funciona ou não para tratar a hiperêmese gravídica.