Pessoas que sofrem de esquizofrenia (cerca de 1% da população), mesmo quando estão se tratando com medicamentos e em um período de estabilidade, correm o risco de terem surtos da doença (chamados de surtos psicóticos). Elas podem, nesses casos, precisar de internação por causa da piora no quadro. Alguns estudos já mostraram que existem alguns sinais de que uma recaída pode acontecer nas próximas semanas. Reconhecer esses sinais de alerta, então, seria útil para para ajudar as pessoas a tomarem medidas para prevenir os surtos (por exemplo, modificando a medicação ou fazendo mais terapia).
Já existe a proposta de se fazer um treinamento, do paciente e da família, para reconhecer esses sinais. O treinamento pode ser individual ou em grupo e dá trabalho: envolve profissionais de saúde, familiares e cuidadores, e pelo menos 12 sessões, para que o especialista possa tomar uma história detalhada dos sintomas do paciente ao longo de vários dias. Às vezes, é necessário fazer um diário de sintomas. As pessoas podem, então ser orientadas sobre o que fazer quando houver um sinal de surto iminente.
A Cochrane revisou 34 estudos, envolvendo mais de 3 mil pacientes com esquizofrenia, em que essa proposta de treinamento intensivo foi utilizada e verificou que ele realmente pode ser benéfico, reduz as taxas de recaídas (de 43% para 23%) e de reinternações (de 39% para 19%). Mas o treinamento é sempre utilizado em conjunto com outras técnicas de terapia psicológica, e nunca isoladamente.
Antes de introduzir esse treinamento como uma rotina nos serviços de saúde, a Cochrane recomenda que o ideal seria avaliar também o efeito dele sobre a qualidade de vida, a carga sobre os cuidadores do paciente, os gastos em saúde e a satisfação. O treinamento ainda não pode ser adotado como uma medida isolada, mas os estudos futuros poderão ajudar a dizer se treinar para reconhecer sinais de alerta melhora ou não a qualidade de vida dos pacientes e das pessoas que cuidam deles.