Há algumas décadas, as mulheres usam medicamentos hormonais para aliviar sintomas como os fogachos e os suores noturnos, comuns após a menopausa. Os fogachos atingem cerca de 70% dessas mulheres! Mais recentemente, passou-se a questionar se os hormônios a se oferecer a essas mulheres deveriam ser os tradicionais , os derivados de animais (como os equinos) ou ainda os chamados "bioidênticos", ou seja, compostos que têm estrutura química exatamente igual à dos hormônios humanos — alega-se que os bioidênticos seriam mais seguros e igualmente eficazes.
A Cochrane acaba de publicar uma revisão sistemática, conduzida por autores do Centro Cochrane do Brasil. A revisão avaliou se os hormônios bioidênticos são também capazes de aliviar os sintomas dos fogachos, e incluiu 23 estudos, publicados até julho de 2015, com quase 6 mil mulheres. Todos os estudos incluídos compararam o 17 beta-estradiol (beta-estradiol) isolado com o placebo (medicamento inativo) ou com estrogênios equinos conjugados (um tipo de hormônio derivado de animais).
A revisão mostrou que os hormônios bioidêndicos em forma de adesivo reduziram em mais de 60% a frequência dos fogachos comparados com placebo, e que a intensidade desse sintoma foi quase 20% menor. Na forma oral após 3 meses de uso, houve diminuição de 80% na frequência dos fogachos. Os hormônios bioidênticos pareceram ser igualmente eficazes ao hormônio de origem animal (equino). Doses mais elevadas do hormônio biodêntico seriam mais efetivas, mas também parecem trazer mais efeitos adversos (indesejáveis).
Alguns dos efeitos adversos da terapia hormonal podem ser náuseas, dor de cabeça, sensibilidade nas mamas, dor nas articulações, reações na pele ou aumento da espessura do útero (hiperplasia endometrial) ou sangramento vaginal. “Como o uso de estrogênio isolado está associado com a hiperplasia endometrial (crescimento excessivo da camada interna do útero), é recomendado que as mulheres que estão fazendo uso de qualquer tipo de estrogênio tomem também um progestágeno", recomenda a doutora Ana Márcia Gaudard, autora principal do estudo, que é pesquisadora do Centro Cochrane do Brasil. O resumo da revisão foi traduzido para o português e está disponível para consulta!
Saiba mais : http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/14651858.CD010407.pub2/full