O uso desnecessário de antibióticos é um problema sério, porque contribui para o aumento da resistência das bactérias ao remédio. Isso pode levar a elevação dos custos com o tratamento e também do risco de efeitos colaterais do medicamento. Mas os médicos que tratam de pessoas com infecções respiratórias frequentemente ficam em dúvida quanto à duração ideal do tratamento: não pode ser muito curta, ao ponto de não eliminar a infecção, mas também não pode ser muito longa, pois aumenta o risco de deixar as bactérias ainda mais fortes e resistentes. Mas existe luz no fim do túnel: os pesquisadores estão estudando um hormônio que circula no sangue das pessoas que poderá servir como indicador do momento certo de interromper o tratamento.
Procalcitonina é o nome dessa substância. Quando ela está elevada no sangue, isso indica que a pessoa está com uma infecção bacteriana. Quando o paciente se recupera, o nível da procalcitonina no sangue baixa novamente. Assim, monitorar o nível da procalcitonina pode, teoricamente, ser interessante para ver se o doente já se recuperou e conseguiu debelar a infecção e portanto poderia parar de tomar o antibiótico.
A Cochrane realizou uma revisão sistemática da literatura sobre os estudos que examinaram esse comportamento da procalcitonina em mais de 4 mil pessoas com infecções . O Centro Cocrane do Brasil acaba de traduzir o resumo dessa revisão. Ela mostra que a estratégia de monitorar a procalcitonina funciona, principalmente em pacientes com infecção do trato respiratório. Só que, como a maioria desses estudos tinha um número pequeno de participantes, não foi possível avaliar a segurança dessa medida. Os estudos, examinados em conjunto, mostraram que a mortalidade não aumentou nos pacientes que tiveram o uso do antibiótico monitorado (e, muitas vezes, interrompido) usando a dosagem de procalcitonina, e houve redução consistente do uso de antibióticos. Ou seja, eles deixaram de tomar o antibiótico mais cedo, mas não morreram mais. Os pacientes que participaram desses estudos eram adultos que tinham apenas infecção respiratória e não sofriam de outras doenças que podem comprometer o sistema imunológico, como a aids ou o câncer. Todos os pacientes viviam na Europa ou na China, e ainda será preciso fazer mais desses estudos outros países.
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