O que sabemos sobre a vacina contra o HPV?

Two clinicians in front of a monitor

Aprenda sobre o HPV enquanto respondemos às perguntas mais comuns e exploramos como a vacinação pode proteger crianças.

O essencial para cuidadores

  1. A vacina contra o HPV oferece proteção contra o câncer do colo do útero, verrugas genitais e outras doenças causadas pelo HPV.
  2. A vacina é mais eficaz antes que as pessoas sejam expostas ao HPV, por isso é oferecida a crianças e adolescentes jovens.
  3. Os efeitos colaterais da vacinação são leves e de curta duração, sendo que a maioria das pessoas apresenta apenas dor leve no braço por um ou dois dias.

Entendendo o HPV

O que é o papilomavírus humano (HPV)?

HPV é o nome de uma família de vírus comuns que vivem na pele nas mucosas, incluindo boca, garganta e genitais. Os papilomavírus humanos nos acompanham há milênios, desde os primeiros ancestrais humanos e neandertais, e se espalham principalmente por contato direto, especialmente em relações sexuais.

Quase todas as pessoas terão contato com o HPV em algum momento da vida. Muitas infecções são inofensivas e são eliminadas pelo sistema imunológico. Porém, em algumas pessoas o vírus não é eliminado adequadamente. Essas “infecções persistentes” podem causar câncer após alguns anos.

O câncer do colo do útero está fortemente ligado ao HPV: mais de 95% dos casos são causados por esse vírus. Esse tipo de câncer é mais frequentemente diagnosticado em mulheres jovens, entre 25 e 35 anos. Infecções por HPV também podem causar câncer de vagina, vulva, ânus, pênis, cabeça e pescoço, além de verrugas anogenitais (lesões que envolvem genitais e ânus).

Por que meu filho precisa da vacina contra o HPV?

O câncer do colo do útero é o quarto tipo de câncer mais comum no mundo, causando mais de 350.000 mortes por ano. A boa notícia é que esse é um dos poucos tipos de câncer que podem ser prevenidos com uma simples vacina. A vacinação contra o HPV pode prevenir os tipos de vírus que causam câncer e verrugas anogenitais.

Quem está mais em risco?

A incidência de câncer do colo do útero tende a diminuir em países que possuem programas eficazes de rastreamento e tratamento. Porém, a vacinação contra o HPV tem ainda mais impacto em países que não dispõem de recursos suficientes para manter esses programas.

O rastreamento do colo do útero (rastreamento cervical), para identificar e tratar pessoas com alterações precursoras do câncer (pré-câncer cervical), continua sendo importante mesmo para quem já foi vacinado. Isso porque as vacinas não cobrem todos os tipos de HPV que podem causar câncer, e sim os mais comuns. Para que o câncer do colo do útero possa ser eliminado globalmente, é necessária a combinação de três estratégias: vacinação, rastreamento e tratamento de lesões pré-cancerosas.

Atualmente, mais de 85% das mortes por câncer do colo do útero ocorrem em países de baixa e média renda. Nossos dados mostram que quase todas elas poderiam ser prevenidas com vacinação rotineira contra HPV, rastreamento e tratamento de lesões pré-cancerosas.

Este mapa mostra o risco de uma mulher desenvolver câncer do colo do útero ao longo da vida, com base em dados da Organização Mundial da Saúde de 2022. O menor risco observado em países de alta renda se deve, em grande parte, à ampla cobertura de  programas de vacinação e rastreamento.

O que há de novo?

Queríamos entender melhor os efeitos raros e de longo prazo da vacina contra o HPV, algo que estudos isolados não conseguem responder. Por isso, analisamos dois tipos de estudos:

  1. Estudos populacionais (dados do mundo real envolvendo milhões de pessoas)
  2. Ensaios clínicos randomizados (estudos científicos que comparam grupos vacinados e não vacinados)

Os resultados foram claros: vacinar adolescentes protege contra cânceres relacionados ao HPV e verrugas genitais, com apenas efeitos colaterais leves e de curta duração.

A vacina contra o HPV funciona?

Analisamos 225 estudos, com dados de 132 milhões de pessoas em vários países. Os resultados mostraram que meninas vacinadas antes dos 16 anos têm cerca de 80% menos risco de desenvolver câncer do colo do útero em comparação com as não vacinadas. No entanto, a eficácia da vacina depende da idade em que é administrada.

A pesquisa também mostrou que a vacina protege crianças contra verrugas anogenitais e contra alterações celulares que podem ser precursoras do câncer. Porém, alguns cânceres relacionados ao HPV levam muitos anos para se desenvolver. Para esses, os efeitos de longo prazo da vacinação ainda estão sendo estudados e as evidências são mais limitadas.

A mensagem principal é simples: funciona.

Vacinar meninas e meninos contra o HPV ajuda a protegê-los do câncer do colo do útero, contribuindo para que tenham vidas mais felizes e saudáveis.

A vacina contra o HPV é segura?

Nossas revisões identificaram algumas reações leves, como dor e inchaço no local da aplicação após a vacinação, mas não encontraram nenhum efeito adverso grave.

Também buscamos, de forma específica, evidências sobre preocupações comuns relacionadas às vacinas contra o HPV. Investigamos a fundo os 10 efeitos colaterais mais mencionados nas redes sociais, incluindo síndrome da fadiga crônica/encefalomielite miálgica, síndrome de dor regional complexa e paralisia. Nenhum deles está ligado à vacina.

Um receio frequente entre pais é a possibilidade de a vacina contra o HPV causar infertilidade. Nossa revisão mostrou, com alta certeza, que a vacina NÃO causa problemas de fertilidade.

Já o câncer do colo do útero e seus tratamentos podem, sim, causar infertilidade. Pessoas com câncer podem precisar de quimioterapia, radioterapia ou cirurgia para retirada do útero. Vacinar-se e reduzir o risco de câncer também é uma forma de proteger a fertilidade.

Se você se vacina antes dos 16 anos, há uma redução de 80% no número de casos de câncer do colo do útero que estamos vendo. E isso é simplesmente incrível.” - Dra. Jo Morrison, Oncologista Ginecológica, Somerset NHS Foundation Trust

A vacinação

Por que devemos dar a vacina tão cedo?

A vacinação é mais eficaz quando aplicada antes da criança ter qualquer contato com o HPV, que geralmente acontece por meio de relações sexuais. Por isso, vacinar antes dos 16 anos oferece a melhor proteção.

Alguns pais temem que a vacinação precoce possa incentivar comportamentos sexuais mais arriscados ou antecipar o início da vida sexual. No entanto, nossa revisão não encontrou nenhuma ligação entre receber a vacina contra o HPV e aumento da atividade sexual.

Meninos também precisam da vacina contra o HPV?

Qualquer pessoa pode contrair e transmitir HPV. Sabemos que vacinar meninos os protege contra infecções pelos vírus e contra verrugas anogenitais. A vacina também pode ajudar a prevenir outros tipos de câncer relacionados ao HPV, embora, para alguns deles, as evidências ainda sejam menos certas. O HPV pode causar cânceres de cabeça e pescoço, além de cânceres de pênis e ânus. Como esses cânceres costumam se desenvolver mais tarde na vida, ainda não houve tempo suficiente para estudar completamente o impacto da vacina sobre eles.

Vacinar meninos também fortalece a chamada imunidade coletiva, reduzindo as taxas de HPV na população e ampliando a proteção para meninas.

Como podemos obter a vacina contra o HPV?

É simples se vacinar. Mais de 145 países incluíram a vacina contra o HPV em seus calendários regulares de imunização. Em alguns países, é necessário levar a criança a um serviço de saúde; em outros, a vacinação é oferecida nas escolas, e tudo o que os responsáveis precisam fazer é assinar o formulário de consentimento.

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