Alguns temas mais controversos dificultam a realização de revisões sistemáticas da literatura. É o caso da redução do número de fetos em mulheres com gestações com mais do que dois bebês. Esta é situação em que o risco de parto prematuro e de sequelas nos gêmeos sobreviventes é grande e, portanto, a segurança e a saúde dos bebês está ameaçada. Nesses casos, nos países onde isso é permitido, mães e pais precisam enfrentar a difícil decisão de eliminar um ou mais embriões para aumentar as chances de sobrevivência dos demais (redução) ou optar por simplesmente seguir adiante, esperar que a gravidez se desenvolva (conduta expectante) e torcer para que dê tudo certo. Qual seria a melhor decisão? Autores da revisão sistemática da Cochrane, cujo resumo acaba de ser traduzido pelo Centro Cochrane do Brasil, partiram em busca de estudos que fizessem essa comparação e... surpresa. Não encontraram nenhum. Simplesmente não existem estudos clínicos, publicados ou em andamento, propondo aos casais se submeterem, por sorteio, a uma ou outra alternativa. Portanto, nos países em que essa possibilidade existe, infelizmente a decisão dos casais precisará ser tomada sem o respaldo da ciência para dizer o que é mais seguro ou eficaz.
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