Diferentes de quem tem intolerância à lactose (ou seja, dificuldade de digerir o açúcar do leite, a lactose), as pessoas que sofrem de alergia ao leite de vaca têm uma reação imunológica intensa às proteínas do leite (por exemplo, a caseína). Comum em bebês e crianças, a alergia ao leite de vaca provoca vômitos, cólicas, diarreia e outros sintomas digestivos, na pele (urticária, dermatite) ou respiratórios (falta de ar, chiado). Uma maneira de evitar esses sintomas é retirar totalmente da dieta o leite e seus derivados — o que não é nada fácil. A outra é tentar a imunoterapia.
O Centro Cochrane do Brasil traduziu o resumo de uma revisão sistemática que avaliou se a imunoterapia pode ajudar a evitar os sintomas da alergia ao leite de vaca. A imunoterapia é um tratamento para vários tipos de alergia que recomenda a ingestão ou contato com o alérgeno (a substância que provoca alergia) em minúsculas quantidades em intervalos regulares, de forma que o sistema imunológico passe a ver aquilo que causa a alergia (no caso, o leite) de outra forma e deixe de reagir tão fortemente, até que seja possível tomar uma porção completa de leite (no caso, um copo). A revisão mostrou que realmente a imunoterapia oral pode ajudar a maioria das crianças alérgicas a tolerarem um copo de leite, desde que continuem bebendo esta quantidade todos os dias.
A revisão incluiu cinco estudos, com 196 crianças. No entanto, não se sabe se a tolerância ao leite conseguida pela imunoterapia é mantida caso o tratamento seja interrompido durante algum tempo: isso ainda precisa ser verificado por outros estudos. O trabalho mostrou também que a maioria dos pacientes tem efeitos colaterais com o tratamento, porém leves, e somente 1 em cada 11 pacientes precisou de tratamento com adrenalina para reações maiores.
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